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As denúncias, publicadas pelos jornais L’Espresso e Corriere della Sera, abalaram a estrutura da agricultura italiana, obrigando a Confederazione Italiana degli Agricoltori (CIA) a agilizar as investigações para dar uma resposta à sociedade e à União Européia, que cobra punição rigorosa aos culpados.
O azeite, por exemplo, a maioria feita na Puglia, região responsável por 40% da produção do país, estava adulterado, contendo outros óleos, de baixa qualidade, vindos de Tunísia e Grécia. Já o aceto balsâmico, tradicional de Modena, era feito, na verdade, em Nápoles. Mas o que abalou mesmo os alicerces da gastronomia italiana foi a constatação de que uma leva de vinhos baratos, com preços abaixo de 3 euros, continha na verdade 70% de água e quilos e mais quilos de açúcar – sem contar as suspeitas de uso de ácidos nocivos à saúde, como o clorídrico e o sulfídrico –, com a finalidade de afinar um pouco o produto e enganar o consumidor; e o uso de uvas não autorizadas na composição dos famosos Brunello di Montalcino.
No caso dos Brunello, o assunto é muito sério, por envolver produtores de prestígio do país. Para entender o caso, vale lembrar que a produção mundial de vinhos do Velho Mundo é quase toda controlada por legislações antigas e rigorosas que, quando seguidas, emprestam aos rótulos as expressões de Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG). Os produtores, quando não querem segui-las, precisam explicitar nos rótulos que seus vinhos estão classificados em outra categoria – seriam de Indicazione Geografica Típica (IGT), e perdem o direito à denominação –, não podem mencionar, por exemplo, Brunello di Montalcino – mesmo estando situados nos limites da região demarcada. Nesse caso, o que aconteceu é que alguns dos Brunello, supostamente, utilizaram uvas não permitidas pela legislação, que obrigatoriamente deve ser elaborado com 100% de uva Sangiovese Grosso, também conhecida como Brunello.
Teoricamente, para o consumidor, esse não é um problema monstruoso, já que o uso de outras uvas, no caso das francesas Merlot, Syrah e Cabernet Sauvignon, tem o objetivo de deixar os vinhos mais ao gosto do consumidor, principalmente os do mercado americano – Brunello é uma casta difícil, e com o aumento desmedido da área plantada nos últimos anos, muitas das parreiras estão ainda demasiado jovens para fornecer cachos maduros. Mas, uma outra vertente das investigações aponta que a mistura de outras uvas visa exclusivamente ao aumento de volume de produção, já que a quantidade de uvas Brunello plantada não é suficiente para atender o aumento do consumo.
Apesar da fama, os Brunello di Montalcino sempre foram vinhos bastante irregulares, com a qualidade oscilando muito a cada safra, e poucos produtores se destacando. São justamente alguns deles, como Antinori, Frescobaldi e Argiano, que estão na mira da legislação italiana. Todo esse imbróglio tende a se generalizar e a prejudicar a imagem dos produtos italianos no mercado internacional. Como sempre, pode acabar sobrando para os honestos – que não têm nada a ver com o peixe – pagar a conta.
Por Jorge Lucki